Tirania da Revolução
- Dr. Rafael Alvarenga

- 3 de out.
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A história do Brasil ensina que a Liberdade não nasce da revolta nem da ruptura radical, mas do equilíbrio entre a ordem, a responsabilidade e a fidelidade às raízes. É nesse espírito que figuras conservadoras ou alinhadas à tradição revelam-se decisivas, enquanto líderes e movimentos exaltados pela esquerda frequentemente exibem contradições profundas.
Um exemplo de coragem e prudência é Arariboia, chefe temiminó do século XVI. Ao aliar-se aos portugueses contra os franceses e tamoios, garantiu a sobrevivência de seu povo e a fundação de São Lourenço dos Índios, origem da atual Niterói (Pereira, 2024). Arariboia foi estrategista: compreendeu que resistir ao poder imperial europeu era impossível e optou por um pacto que assegurou terras e dignidade a seus descendentes. Sua postura revela valores caros ao conservadorismo: realismo político, prudência diante das circunstâncias e a preservação da vida como prioridade.
Em contraste, personagens mitificados pela esquerda revelam falhas graves. O cangaceiro Lampião, muitas vezes romantizado como justiceiro, foi na verdade chefe de um bando violento que saqueava, estuprava e assassinava. Seus “códigos de honra” não passavam de disciplina autoritária, com perseguições a minorias, como homossexuais, que eram alvo de humilhação e violência. Ao invés de libertar, Lampião oprimia — exemplo de como rebeliões desordenadas resultam em tiranias locais.

Outro caso é o de Zumbi dos Palmares, transformado em símbolo de luta por igualdade. Pesquisas históricas indicam que ali também havia hierarquia rígida, imposição de disciplina e escravização de indígenas e negros que não aceitavam a ordem local (Domingues & Gomes, 2013). A esquerda contemporânea omite essas contradições, preferindo o mito à história real.
Esse padrão de incoerência repete-se no presente. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), por exemplo, justifica suas ações com o discurso da justiça social, mas recorre sistematicamente a invasões de propriedades, destruição de plantações e coerção contra agricultores que não aderem às suas bandeiras. Assim como Lampião ou Zumbi em seu tempo, o MST revela um espírito antiliberal — exige liberdade para si, mas nega ao outro; e totalitário — impõe sua visão pela força, não pelo convencimento.
Em 2025, segundo a Gazeta do Povo, só nos primeiros quatro meses, foram registradas 53 invasões de terras, sendo 46 atribuídas ao MST, superando o total de invasões de todo o ano de 2024.
Em 2023, dados da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) revelaram que, durante o governo Lula, 95 invasões ocorreram num ano e três meses — um total superior à soma de invasões nos cinco anos anteriores, conforme noticiado no Brasil 61.
Ao longo do século XX, organizações guerrilheiras de inspiração marxista no Brasil também mostraram esse descompasso: pregavam igualdade, mas usavam sequestros e assassinatos como instrumentos políticos — uma face inegavelmente terrorista.
O conservadorismo, ao contrário, parte da prudência: reconhece que mudanças radicais geram mais opressão do que emancipação. Valoriza instituições, continuidade e responsabilidade moral. Figuras como Arariboia provam que a prudência conservadora preserva vidas e constrói comunidades duradouras, enquanto ícones revolucionários, como Lampião, Zumbi ou mesmo o MST contemporâneo, mostram que a violência e a intolerância apenas perpetuam novas formas de tirania.
Referências
PEREIRA, V. C. As descendentes de Arariboia na sociedade colonial do Rio de Janeiro. Revista Acervo, 2024.
DOMINGUES, P.; GOMES, F. Histórias dos quilombos e memórias dos quilombolas no Brasil. Revista ABPN, 2013.
Portal de Periódicos da Marinha. Metamorfoses indígenas: de colonizado a condição de vassalo. 2020.
Gazeta do Povo: https://www.gazetadopovo.com.br/brasil/encabecadas-pelo-mst-invasoes-de-terras-aumentam
Brasil 61: https://brasil61.com/n/invasoes-de-terra-cresceram-213-no-ano-passado-bras2411567








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