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A Dama e o Tempo — Parte II

A Dama Inteligência é generosa. Ela visita todas as idades e oferece a cada uma um presente diferente. À juventude, dá a inquietude; à maturidade, a disciplina; à velhice, a síntese. E se há uma verdade que ela sussurra aos que a ouvem, é esta: nunca é tarde para aprender.


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Há pessoas que acreditam que o cérebro “envelhece” e que depois de certa idade nada mais se pode compreender. Mas a ciência e a experiência humana mostram o contrário: o cérebro amadurece. Ele aprende de outro modo, com outras rotas, mas continua fértil, receptivo, curioso. O aprendizado de um idoso é mais lento, porém mais profundo; o de um adulto, mais prático; o de um jovem, mais veloz. Cada tempo tem sua própria inteligência.


O segredo está em não competir com o passado, mas em ampliar o presente. A Dama Inteligência não gosta de pressa. Ela prefere os que têm constância — os que estudam um pouco todos os dias, que revisam, que experimentam, que voltam. Aprender é como cultivar um jardim: exige tempo, luz, e a disposição de sujar as mãos.


Há quem aprenda um novo idioma depois dos 70, quem se alfabetize aos 80, quem escreva o primeiro livro aos 90. Pense em José Saramago, que publicou seu primeiro grande romance aos 60 anos; em Anna Mary Moses, que começou a pintar aos 78; ou em cientistas que, após aposentados, voltam a estudar apenas por prazer. A autodisciplina e o autodidatismo são as mãos invisíveis dessa dama. Ela dança com quem a convida, seja aos vinte, cinquenta ou oitenta anos.

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Um fenômeno recente comprova o quanto o tempo é generoso com quem quer aprender: o crescimento das universidades da terceira idade. Em várias cidades do Brasil e do mundo, homens e mulheres acima de sessenta redescobrem o prazer de estudar, fazer novos amigos e compreender o mundo digital. São turmas que misturam risos, histórias e curiosidades. A Dama Inteligência caminha por essas salas de aula com um olhar de ternura — porque ali, entre cadernos e computadores, floresce o mais belo dos aprendizados: o da alegria de continuar vivo.


Cada fase da vida traz uma nova forma de aprendizado: quando somos jovens, aprendemos para provar que somos capazes; quando maduros, para compreender o mundo; quando idosos, para compreender a nós mesmos. A Dama Inteligência sorri em todas essas danças — porque o importante é permanecer em movimento.

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