Respirar Dor: Rio Grande do Sul, Boate Kiss e Saúde que se Reinventa
- Dr. Rafael Alvarenga

- 22 de ago.
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de set.

No cenário do Sul, o Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre se destacou como centro de referência para vítimas de queimaduras, atuando com atenção e especialização crescentes ao longo das últimas décadas. Após o trágico incêndio na Boate Kiss, em 2013, o estado passou por uma transformação importante em protocolos e estrutura de atendimento. A gravidade dos ferimentos e a rapidez com que os casos chegaram motivaram uma revisão urgente dos fluxos emergenciais.
A tragédia da Boate Kiss, em Santa Maria, deixou 242 mortos e centenas de feridos, muitos com queimaduras graves e inalação tóxica . No HPS e na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), surgiram inovações clínicas, como o uso de ventilação mecânica agressiva e de oxigênio a altas frações em pacientes intoxicados por monóxido de carbono e cianeto gerado pela queima de espuma acústica.
A tragédia acelerou o reconhecimento da necessidade de atendimento especializado e multidisciplinar — que integrou cirurgia plástica, fisioterapia, psicologia e toxicologia — em protocolos de estabilização e recuperação.
Além das queimaduras térmicas, as lesões por inalação de fumaça se tornaram um alerta prioritário. No caso da Boate Kiss, muitos jovens morreram não por contato direto com as chamas, mas por inalarem gases tóxicos como cianeto e monóxido de carbono, liberados pela queima do revestimento acústico inadequado.

Os sintomas vão de desorientação à parada cardiorrespiratória. Em situações como essa, as primeiras condutas são a retirada imediata do ambiente, a administração de oxigênio com alto fluxo (100%) e, nos casos graves, o uso de câmaras hiperbáricas — recurso ainda limitado no Brasil..
Doze anos depois do desastre, o caso segue ecoando na esfera judicial. No início de 2025, o STF manteve as condenações dos réus ligados ao incêndio da Kiss, reafirmando a responsabilização criminal por homicídio qualificado[1]. O marco reforça a necessidade de segurança e prevenção em ambientes públicos e noturnos. Simultaneamente, o CTI do HPS segue aperfeiçoando o atendimento, com treinamentos regulares para resposta a emergências químico-térmicas e continuidade do acompanhamento das vítimas remanescentes.
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Riscos da inalação de fumaça e primeiros socorros:
A inalação de fumaça em incêndios pode ser tão letal quanto as próprias queimaduras. No caso da Boate Kiss, a combustão da espuma acústica liberou cianeto e monóxido de carbono, que se ligam à hemoglobina e impedem o transporte de oxigênio — causando rápida asfixia. Nos primeiros socorros, a prioridade é remover a vítima da área contaminada, iniciar oxigenoterapia com alto fluxo (preferencialmente a 100%) e, se necessário, realizar intubação orotraqueal para proteger as vias aéreas. A ventilação mecânica deve ser otimizada com estratégias adaptadas, como controle de pressão e manejo adequado das secreções [2].
Fontes:
[1] Agência Brasil+1
[2] rbqueimaduras.com.br







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