💭 Melancolia – e quando dói?
- Dr. Rafael Alvarenga

- 30 de jul.
- 2 min de leitura
E quanto dói — essa dor que aflora e faz os olhos se fecharem, como se fosse maior do que a gente?
Nos últimos meses, jornais como The Guardian e New York Post relataram o fenômeno apelidado de “gloomcycle”: o bombardeio de notícias tristes, que deixa a gente exaurido¹. Ao mesmo tempo, o crescimento de "therapy‑bro summer" mostra que cada vez mais homens estão buscando terapia, permitindo que a dor encontre voz² — uma ação que lembra as históricas Confrarias.

🌍 Dor coletiva e humanidade
No trauma coletivo que enfrentamos, ecoa o aviso antigo: "a melancolia, a dor, faz parte de uma vida saudável e normal da Terra."
É na fisgada da tristeza que entendemos as tessituras da esperança. A melancolia funciona como um lembrete de que o coração pulsa, mesmo quando parece a morte por um instante.
📜 Da filosofia ao cotidiano
Há muito tempo, na Grécia antiga, a melancolia era vista não como fraqueza, mas como marca da grandeza — um dos "humores" fundamentais da alma. Ainda hoje, nosso conteúdo diário nos confronta com isso.
A dor não precisa ser um castigo; pode ser um portal, uma pausa obrigatória que nos leva a redesenhar nossos sentidos. E nessa redescoberta, a voz que diz "não está doendo em vão" é a terapia, o apoio, o silêncio que acolhe.
🤝 "Não estou sozinho"
Como disse Mark Duplass no Good Morning America — citado recentemente pela People³ —“não estou sozinho”.
Aqueles que dividem suas feridas encontram redenção na transparência. E quando o coração se abre com vergonha de voz, descobre a sua própria melodia:
🎶 “Hello darkness, my old friend…” (Simon & Garfunkel)
Um trecho que não é final, mas sim ponto de partida. Pois a dor não termina em vírgula — ela continua, expande, mas também ensina a caminhar um pouco mais leve.
Em tempos presentes tão tumultuados, lembre-se sempre: você não está sozinho.

📚 Nota: para mais sobre a Filosofia da melancolia
Aristóteles discute por que tantos homens extraordinários — poetas, filósofos, políticos — parecem afetados pela melancolia. Ele a associa ao temperamento bilioso e à criatividade.
Aristotle. Problemata Physica, Book XXX, section 1. Tradução em inglês: Problems, Volume II. Translated by W.S. Hett. Loeb Classical Library 317. Harvard University Press, 1957.
Ficino, neoplatônico renascentista, retoma Aristóteles e os humores para defender que a melancolia pode levar à contemplação filosófica e espiritual elevada.
Ficino, Marsilio. Three Books on Life (De Vita Libri Tres). Translated by Carol Kaske and John Clark. Medieval & Renaissance Texts and Studies, 1989.
Robert Burton – The Anatomy of Melancholy (1621). Descreve a melancolia como uma condição quase universal e muitas vezes ligada à reflexão e à arte.
Burton, Robert. The Anatomy of Melancholy. Oxford University Press, edição de 2001.
²: nypost.com








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