Imaginário Sagrado da Loucura
- Dr. Rafael Alvarenga

- 26 de set.
- 1 min de leitura
O templo vê o louco ajoelhado,

seus gritos confundem-se com salmos;
no altar, a cruz parece ouvi-lo,
como se Cristo também tivesse delírios de abandono.
Chamam-no “possuído”, “endemoniado”,
mas a fé conhece outras chagas:
a esquizofrenia é também um Calvário,
e cada lágrima… cálice… e mágoas.
Pedro chorou o peso da negação,
Judas caiu no abismo da corda —
na fronte de ambos ardeu o fogo
do desespero que os santos sabem nomear.
Santa Dymphna acolhe os que tremem,
São João de Deus abre as portas da casa;
e as crianças que sofrem na mente
acham nos anjos o colo que o mundo recusa.
Assim, a loucura é também oração:
um espelho partido diante do eterno,
onde o homem busca, mesmo nas sombras,
o rosto escondido de Deus.








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