Evangelhos e Liberdade: O Homem, o Leão, o Boi e a Águia
- Dr. Rafael Alvarenga

- 23 de jul.
- 2 min de leitura
Os símbolos dos evangelhos
A tradição cristã, especialmente inspirada pelo livro de Ezequiel e pelo Apocalipse, associa cada um dos quatro evangelhos a um ser simbólico.
Mateus é representado por um homem (ou anjo), símbolo da razão e humanidade. Marcos é o leão, que expressa coragem e realeza. Lucas é o touro, ou boi, que traz a força do trabalho e do sacrifício. João é a águia, sinal de visão espiritual e elevação.
Esses quatro seres, juntos, revelam diferentes aspectos da verdade e da missão de Cristo. Para o leitor moderno, esses símbolos podem ser entendidos como expressões complementares do que torna uma sociedade humana e justa.

Liberdade e seus significados
Esses símbolos também nos ensinam sobre liberdade.
O homem de Mateus aponta para o respeito à dignidade da pessoa, à razão e ao discernimento individual. O leão de Marcos lembra que a liberdade exige coragem para se posicionar diante do poder. O boi de Lucas revela que a liberdade só existe quando há justiça e serviço mútuo. E a águia de João mostra que viver com liberdade plena requer visão além das aparências, sensibilidade à verdade e espírito elevado.
Liberdade, portanto, não é fazer o que se quer, mas viver com responsabilidade diante do que é certo e verdadeiro.
Liberdade, Lei e Justiça
É dentro desse equilíbrio entre liberdade e Lei que repousa a verdadeira justiça.
A Lei existe para proteger o bem comum, garantir a dignidade de cada pessoa e ordenar a convivência. No entanto, quando a interpretação da Lei se torna monopólio de poucos — muitas vezes de forma arrogante e contrária ao que está claramente escrito —, corre-se o risco de distorcer sua função.
O perigo da autoridade sem serviço
Aqueles que se arrogam intérpretes supremos, mas decidem contra a letra e o espírito da norma, não são mestres da Lei, mas seus traidores. A autoridade legítima nasce do serviço, não da prepotência.
Um chamado à pluralidade e ao respeito à lei
Assim como os quatro evangelistas ofereceram diferentes perspectivas sobre a mesma verdade — Jesus Cristo —, uma sociedade justa precisa de vozes diversas que respeitam a lei e a dignidade humana.
O Evangelho, em sua beleza plural, nunca se rendeu à tirania. Que também nós, ao olhar para o homem, o leão, o boi e a águia, sejamos capazes de honrar a liberdade com coragem, serviço, razão e visão.
E jamais aceitemos que alguém se coloque acima do que está objetivamente escrito, pois onde não há limites comuns, não há liberdade verdadeira — apenas a mentira e o grito de quem se acha forte.








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