A videira e o Messias
- Dr. Rafael Alvarenga

- 10 de set.
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de set.
Imagine uma planta que atravessa séculos, tradições e continentes, carregando em seus ramos a esperança de um mundo renovado. Essa planta é a videira — ou a parreira, como preferem muitos brasileiros. Judaísmo, Catolicismo e Espiritismo a elegeram, cada qual à sua maneira, como símbolo de uma promessa maior: a chegada do Messias, o Consolador, a vida que floresce.

No coração das profecias judaicas, Isaías anuncia: “Do tronco de Jessé brotará um rebento, e das suas raízes surgirá um renovo” (Isaias 11,1). Para os judeus, essa imagem vegetal não é um detalhe poético, mas a certeza de que da raiz de Davi viria o Messias. O rebento que se ergue da madeira ressequida representa a fidelidade de Deus e a esperança de justiça e paz universais.
Séculos depois, Jesus retoma o mesmo símbolo: “Eu sou a videira verdadeira, e vós sois os ramos” (Joao 15,5). A metáfora ganha força no cristianismo — Cristo é o tronco que alimenta, e os fiéis, unidos a Ele, são chamados a dar frutos. O vinho da Ceia, extraído da uva, se torna o sinal sacramental do sangue derramado. No catolicismo, a planta não apenas ilustra, mas se transforma em gesto litúrgico, em alimento de salvação.
O Livro dos Espíritos em 1857 traria uma imagem que uniria novamente esse fio simbólico. Os Espíritos, ao apresentarem a missão da Doutrina, revelam a figura de uma parreira: o tronco firme representando a base do Espiritismo, os ramos se expandindo em direção a todos os povos, e os frutos correspondendo às obras de cada coração que acolhe a mensagem. Kardec descreve essa revelação como um convite à universalidade: assim como a seiva circula e dá vida a cada galho, a luz divina se reparte entre todos, sem distinção. Não há ramo privilegiado, mas todos são chamados a florescer no mesmo tronco.

Judaísmo, Catolicismo e Espiritismo encontram, na videira, um ponto em comum: o Messias.
Para os judeus, ele é o rebento que há de vir.
Para os cristãos, é a videira que sustenta e salva.
Para os espíritas, é a parreira universal que convida todos a frutificar.
O que une essas tradições é a certeza de que a fé, como uma planta, precisa de cultivo constante. O Messias é o jardineiro invisível que orienta, fortalece e faz crescer. E, no fim, o que se espera é simples e grandioso: que os ramos, diferentes mas ligados ao mesmo tronco, deem frutos de paz e amor.








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