Pensamento Estoico vs Pensamento Supremo
- Dr. Rafael Alvarenga

- 20 de ago.
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O estoicismo, nascido em Atenas com Zenão de Cítio (século III a.C.), enfatiza a disciplina da mente, a aceitação da realidade e o cultivo da virtude. Para os estoicos, a grandeza não se mede pela dominação de outros, mas pela capacidade de governar a si mesmo. Marco Aurélio, no Livro VI das Meditações, escreve:
“O verdadeiro poder do homem está em manter-se sereno diante do que não depende dele.”
Esse olhar coloca o indivíduo em contato com sua própria limitação e o chama à modéstia. O sábio estoico não se enaltece acima dos demais, mas busca servir ao bem comum, vivendo em conformidade com a natureza e com a razão.
Em oposição, o que podemos chamar de pensamento supremo se caracteriza pela empáfia e pelo desprezo. Ele aparece quando o homem acredita ser superior aos demais, adotando postura tirânica e de falsa grandeza. Essa atitude, criticada por Cícero em De Officiis, é típica de quem confunde poder com virtude:
“Nada é mais repugnante do que a arrogância que despreza os outros, nada é mais belo do que a modéstia que se faz grande sem humilhar.”

Enquanto o estoico busca o autocontrole, o adepto do pensamento supremo busca controlar os demais, reduzindo-os a instrumentos de seu desejo. É uma distorção que transforma a política e a convivência em tirania.
Pensadores conservadores, como Edmund Burke (1729–1797), ressaltaram que o poder sem virtude leva ao abuso. Em Reflexões sobre a Revolução em França (1790), Burke alerta que a soberba de líderes que se julgam supremos destrói a ordem social:
“Os homens de poder ilimitado são sempre tentados a abusar dele; e a empáfia é a primeira corrupção da alma que se acredita perfeita.”
O contraste é evidente:
O estoico busca a harmonia interior e a virtude como guia para a vida.
O supremo busca autoengrandecimento, desprezando o outro e assumindo postura tirânica.

Aristóteles já havia sintetizado esse dilema em Ética a Nicômaco (I, 7): “O bem humano é uma atividade da alma em conformidade com a virtude.”
Assim, enquanto o estoicismo e o conservadorismo clássico orientam a alma para a virtude e para o bem comum, o pensamento supremo conduz à decadência moral e à tirania.







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